Abstract
A temporalidade é um dos conceitos centrais na definição da narrativa. Nesse sentido, o fotojornalismo sempre representou um problema para os estudos narratológicos, uma vez que as teorias tradicionais da imagem entendem a fotografia como uma figura que imobiliza o tempo, desprovida de duração. O objetivo do presente artigo é discutir se a prática fotojornalística é capaz de engendrar narrativas ou se se trata de uma atividade meramente ligada à descrição. Posto que as teorias tradicionais, ligadas ao domínio do visível, expulsam a temporalidade da narrativa fotojornalística, é necessário devolver o tempo à imagem a partir de um outro registro: o visual. Nosso argumento é o de que é justamente no entrecruzamento do visível com o visual que a narrativa e a temporalidade do fotojornalismo se urdem, em uma concepção de imagem que não leva em consideração apenas os elementos semióticos do fotojornalismo, mas também os seus aspectos sintomáticos.
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