Abstract
Este artigo se baseia em uma pesquisa conduzida em três países africanos (Burundi, Ruanda e República Democrática do Congo), sobre a evolução recente da profissão de jornalista e sobre a maneira como ela é, hoje, percebida e representada por membros da audiência, entrevistados em cinco localidades da região. Após duas décadas, o jornalismo se transformou, por um lado, com a liberalização do setor de mídias e, por outro, com as guerras civis sangrentas que marcaram os três países. Surgiram novos formatos e novos papéis para as mídias, assim como novos referenciais profissionais (códigos deontológicos, instâncias de autorregulação, cursos de formação, associações profissionais), por vezes incentivados por doadores de fundos e ONGs internacionais. O artigo pretende mostrar que, por trás dessas mudanças, um novo “paradigma jornalístico” foi elaborado, fruto de dinâmicas internas da profissão e de imposições externas (do Estado e da evolução do mercado), mas também das novas exigências do público. Em um contexto político, econômico e de segurança instável, as mutações do paradigma jornalístico têm transformado o conteúdo midiático, bem como a percepção do público sobre o papel do jornalismo na sociedade e sobre o que os cidadãos podem dele esperar, em uma região na qual grande parte da democracia ainda está em construção.
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