Jornalismo, redes sociais e movimentos de ocupação global: crise sistêmica na semiosfera contemporânea
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Palavras-chave

Jornalismo
ciberacontecimento
redes sociais
crise
realidade social

Como Citar

de Oliveira, F., & Henn, R. (2014). Jornalismo, redes sociais e movimentos de ocupação global: crise sistêmica na semiosfera contemporânea. Brazilian Journalism Research, 10(1), 44–63. https://doi.org/10.25200/BJR.v10n1.2014.581

Resumo

O artigo reflete sobre tensões geradas ao jornalismo com a emergência das redes sociais nos processos de construção social da realidade. O foco são acontecimentos suscitados pelo movimento Indignados, na Espanha, em 2012, durante o protesto “25S”, cuja demanda era uma nova assembleia constituinte. O garçom Alberto Casillas roubou a cena ao enfrentar a truculência policial, produzindo intensa repercussão nas redes e chamando a atenção do jornalismo. São dois os principais pontos de vista que, cotejados, levam a uma síntese possível acerca desse momento de crise: 1) a forma como o jornalismo representa os acontecimentos; 2) possibilidades e implicações proporcionadas pelas redes nas dinâmicas mais amplas do jornalismo. O esforço reflexivo tem como base o conceito de semiose, de C. S. Peirce, e uma visão sistêmica inspirada na Semiótica da Cultura – especialmente em Yuri Lótman. Postula-se que na semiosfera contemporânea em que se desenrolam complexos processos de semiose disparados por acontecimentos da ordem da realidade caótica, o jornalismo seja tensionado a rever suas práticas, sob o risco de perder a legitimidade que alcançou ao longo da história como mediador que produz certo tipo de conhecimento.

https://doi.org/10.25200/BJR.v10n1.2014.581
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