Resumo
RESUMO – A objetividade ajudou a consolidar a ideia de que o jornalista deveria ser um observador neutro da realidade. Um dos cânones do jornalismo, a estratégia, método ou ritual sofre críticas desde o século passado, já que os fatos são relatados mediante seleção, hierarquização e interpretação. Marcado por uma atuação pragmática-funcional, o ethos profissional, entretanto, impedia a reflexão acerca das práticas. No século XXI, no entanto, o discurso da objetividade vem sendo cada vez mais questionado, principalmente pelos “novos arranjos” jornalísticos (Nonato et al., 2018), que defendem o engajamento em torno de causas. A hipótese – confirmada pelo artigo – é que tais iniciativas estejam contribuindo para o tensionamento do ethos profissional. No contexto do novo ecossistema jornalístico, a tomada de posição passa a ser um valor a ser perseguido, e não mais uma transgressão deontológica. Para verificá-la, foram entrevistados nove jornalistas desses “novos arranjos”.
ABSTRACT – Objectivity helped to consolidate the idea that the journalist should be a neutral observer of reality. One of the canons of journalism, the strategy, method or ritual has been criticized over the last century, since facts are reported through selection, hierarchy and interpretation. The professional ethos, however, has been always marked by a pragmatic-functional performance that prevented reflection on the practices. In the 21st century, however, the discourse of objectivity has been increasingly scrutinised, especially by the “new journalistic arrangements” (Nonato et al., 2018) which advocate commitment to causes. The hypothesis – confirmed by the article – is that these initiatives are helping to put a strain on journalists’ professional ethos. In the context of the new journalistic ecosystem, taking a stand on causes becomes a value to be pursued, and no longer a deontological transgression. To verify it, nine journalists of these “new arrangements” were interviewed.
RESUMEN – La objetividad ayudó a consolidar la idea de que el periodista debe ser un observador neutral de la realidad. Uno de los cánones del periodismo, la estrategia, método o ritual ha sido criticado desde el siglo pasado, ya que los hechos son informados a través de la selección, jerarquía e interpretación. Marcado por una actuación pragmático-funcional, el ethos profesional impidió la reflexión sobre las prácticas. En el siglo XXI, sin embargo, el discurso de la objetividad se ha visto cada vez más cuestionado, especialmente por los “nuevos arreglos periodísticos” (Nonato et al., 2018), que abogan por causas. La hipótesis – confirmada por el artículo – es que estas iniciativas están contribuyendo a la tensión del ethos profesional. En el contexto del nuevo ecosistema periodístico, tomar partido se convierte en un valor a perseguir, y ya no en una transgresión deontológica. Para comprobarlo, se entrevistó a nueve periodistas de estos “nuevos arreglos”.
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